O financiamento do desenvolvimento sustentável.

19/01/2011 21:53

Airton Luiz Faleiro
 
Outro aspecto componente da estratégia para um desenvolvimento equilibrado é o
financiamento desse desenvolvimento. Na história do financiamento dos setores produtivos
na Amazônia observa-se que até o final dos anos 80 não havia nenhuma linha de crédito
permanente párea a produção familiar rural. Essa realidade se alterou a partir das
mobilizações sociais que se manifestaram nos “Gritos do Campo”, “Grito da Amazônia” que
se tornaram gritos nacionais denominados “Gritos da Terra Brasil”. 
Com os “Gritos” os agricultores familiares, extrativistas e pescadores artesanais,
conquistaram uma linha de crédito que estava assegurada pela Constituição de 1988, que
até então estava sendo aplicada na mesma lógica e para os setores das elites, privilegiados
historicamente pelos investimentos produtivos na região. 
A conquista do FNO para os produtores familiares representou mais que um simples
direcionamento de recursos, mas a massificação do crédito para um segmento até então
marginalizado pelas políticas, o desnudamento do fracasso econômico, social e ambiental dos
investimentos aplicados nos grandes projetos e uma  intervenção política dos produtores no
direcionamento do desenvolvimento rural e do financiamento desse desenvolvimento. 
Mais de 130 mil produtores familiares foram financiados nos últimos oito anos na Amazônia.
As normas, os encargos financeiros e as modalidades de financiamento vêm
evoluindo ao longo desses anos, pressionadas pela mobilização e organização social desse
segmento.
Considera-se a massificação do crédito para a produção familiar rural, uma primeira
etapa dessa luta. “A implantação do FNO – ESPECIAL denunciou os limites das modalidades
de crédito existentes, a inadequação do atual modelo de assistência técnica e dos pacotes
tecnológicos baseados na revolução verde. Evidenciou as insuficiências na organização do
processo produtivo e o descompasso a ser ajustado entre o crédito e o desenvolvimento
sustentável.”